Debate sobre o futuro das cidades marca 10º SHIS 2025

O evento reuniu especialistas e instituições para discutir os desafios urbanos e ambientais O 10º Seminário Mato-Grossense de Habitação de […]

O evento reuniu especialistas e instituições para discutir os desafios urbanos e ambientais

O 10º Seminário Mato-Grossense de Habitação de Interesse Social (SHIS 2025) foi marcado por reflexões profundas sobre o futuro das cidades e os desafios contemporâneos da habitação. Realizado no IFMT Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva, o evento teve como tema “Os Desafios Locais e Globais para o Bem Viver”.

O encontro reuniu pesquisadores, gestores públicos, empreendedores e estudantes em torno do debate de como garantir moradia digna e sustentável diante das transformações urbanas e ambientais.

O engenheiro civil e professor titular aposentado da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Helene, participou da mesa de abertura do evento e destacou que o principal material da construção é o concreto, tema no qual é uma referência nacional. Para ele, é importante atentar-se às mudanças advindas da utilização da Inteligência Artificial na engenharia.

“Nós estamos vivendo uma grande revolução. Já aconteceu de passarmos da régua de cálculo para a calculadora eletrônica, depois para a programadora e computadores com cartão perfurado e etc. Sabendo usar os programas com IA, acho que vai aumentar a produtividade da engenharia absurdamente.”

Sapo na panela

A programação foi dividida em três dias, entre 16 e 18 de outubro. Dois dias foram separados para debates, palestras e apresentação de trabalhos. E, no sábado, houve uma  visita técnica no Centro Histórico de Cuiabá e a realização da oficina “Método de cálculo e software de simulação para dimensionamento de torre de captação de ventos para edificações”, no Campus Octayde.

Durante a manhã da sexta-feira, 16/10, foram duas mesas-redondas dedicadas à reflexão sobre o desenvolvimento urbano e habitacional. A primeira trouxe como tema “Resiliência às mudanças climáticas” e a segunda falou sobre “Tecnologia e Inovação”.

A primeira mesa-redonda contou com a presença da engenheira civil e professora da UFMT Luciane Durante, especialista em inovação e sustentabilidade ambiental; do arquiteto e urbanista João Carlos Machado Sanches, também professor da UFMT; e da arquiteta e urbanista Natallia Sanches e Souza, professora da Univag.

A mediação foi conduzida pela bióloga e professora do IFMT Simone Raquel da Silva e o grupo debateu os desafios e a resistência enfrentados diante das mudanças climáticas nas cidades.

Luciana trouxe uma reflexão simbólica sobre a forma como a sociedade tem se adaptado às condições urbanas e habitacionais precárias. Ela utilizou a metáfora do “sapo na panela” para ilustrar como as mudanças ambientais e estruturais acabam sendo normalizadas pelas pessoas.

“Se colocarmos um sapo em uma panela com água em temperatura ambiente, ele se mantém ali. Mas, se a água for aquecida aos poucos, o sapo se adapta à nova temperatura, até que, quando a água ferve demais, o sapo não tem mais forças para sair daquela panela, porque gastou toda a sua energia se adaptando. Isto é, ele não tomou as decisões corretas no momento que deveria”, explica a docente.

A professora concluiu reforçando que a reflexão serve para alertar sobre a adaptação passiva às más condições urbanas, comparando o comportamento das populações ao “sapo na panela quente”, que não percebe o perigo do ambiente que o cerca até ser tarde demais.

A professora Natallia Sanches e Souza trouxe ao debate, em tom de autocrítica, uma analogia ao exemplo apresentado pela professora Luciane, destacando que a humanidade não apenas se adapta lentamente às mudanças, como também contribui para agravá-las.

“Nós somos o sapo dentro da panela ligando o fogo. Estamos nos adaptando, mas ao mesmo tempo aumentando a temperatura, testando os limites até o ponto em que não consigamos mais sobreviver”, reflete.

Durante a discussão sobre o futuro urbano e ambiental de Mato Grosso, João Carlos destacou a urgência de repensar o modelo de desenvolvimento adotado no estado, que prioriza a expansão territorial em vez da consolidação de cidades mais compactas e sustentáveis.

Inovação Tecnológica e Educação Ambiental

Na segunda mesa-redonda participaram a arquiteta e urbanista Kátia Alves Barcelos, especialista em BIM e funcionária da Caixa Econômica Federal; a arquiteta e urbanista e professora da Unemat Jane Eliza de Almeida; e a engenheira civil e professora do IFMT Ângela Fátima Rocha; mediadas pelo professor do IFMT Marcos Valin Junior.

Jane apresentou resultados de pesquisas realizadas pela Unemat voltadas ao aproveitamento de resíduos sólidos na construção civil. Ela defendeu a necessidade de unir inovação tecnológica e educação ambiental, transformando o que seria lixo em novos materiais construtivos.

“Quando falamos em melhorar os sistemas construtivos, precisamos pensar também na sustentabilidade. Desde 2009, trabalhamos na universidade com o reaproveitamento de resíduos plásticos e de madeira para desenvolver materiais que possam ser usados na construção civil e por cooperativas”, explica.

Já Kátia falou sobre a importância do modelo BIM (Building Information Modelling) para as construções e destacou as principais diretrizes que regulamentam a Habitação de Interesse Social no Brasil e fez um alerta para que todos se atentem às normas estabelecidas para o setor de habitação.

“Não fiquem alheios às leis que regem a construção. É fundamental pesquisar e compreender a legislação vigente para elaborar projetos de habitação social, porque a lei existe e precisa ser seguida”, orienta.

Ângela destacou que a inovação deve romper com o mero interesse econômico e comercial da cadeia produtiva, lembrando que o propósito central da moradia é oferecer qualidade de vida e dignidade. “Se a racionalização construtiva não for pautada pelo sentido real da racionalização humana, estaremos apenas mecanizando processos e ‘moendo’ pessoas, independentemente do sistema adotado”, afirma.

Para ela, é fundamental aproximar ciência, educação e habitação de interesse social. “Não é fácil inovar com tantas dificuldades que nos cercam. A educação formal tem uma relação indissociável com a ciência, pois ela dá fundamento ao ensino e é essencial para que possamos promover uma racionalização construtiva verdadeira, voltada à dignidade humana”, conclui.

SHIS 2025

O SHIS é um evento que promove um espaço de diálogo entre instituições de ensino, órgãos públicos e o setor da construção civil, articulando ideias e práticas voltadas à habitação de interesse social. Nesta edição, o evento foi realizado pelo IFMT Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva, com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) e o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPgau).

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