A visita técnica foi realizada na última segunda-feira (1º)
Em meio a resíduos sólidos, detritos e ausência de saneamento básico, estudantes do 1º ano do curso de Agrimensura Integrado do IFMT Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva realizaram, na última segunda-feira (1º), uma visita ‘in loco’ na foz do Córrego do Barbado, na região do bairro Praeirinho.
A atividade faz parte de um projeto desenvolvido pelo professor Sérgio Tavares Crecca, que tem como objetivo analisar as condições e o impacto ambiental decorrente da poluição na foz do Córrego do Barbado, de modo a promover a conscientização da comunidade local, gestores públicos e comunidade acadêmica, a fim de propor soluções minimizadoras objetivando a preservação ambiental.
Além de Sérgio, o professor Edilson Serra, chefe do Departamento de Área e Base Comum (DABC) do IFMT Campus Cuiabá, também acompanhou os estudantes. Na ocasião, ele ressaltou a importância de realizar ações dentro da comunidade local. “Quando falamos em meio ambiente, muita gente pensa logo na Floresta Amazônica, mas existe algo bem debaixo do nosso ‘nariz’, que também precisa ser cuidado. Ações como essa fortalecem a preservação da nossa própria cidade.”
O Córrego do Barbado é um recurso hídrico urbano, localizado na região centro-leste de Cuiabá. Atravessa diversos bairros, como Morada do Ouro, Terra Nova, Jardim Aclimação, Bosque da Saúde, UFMT, Jardim das Américas, Jardim Tropical, Castelo Branco, Renascer, Praeirinho e o próprio Bairro Barbado.
Uma de suas nascentes está localizada no Parque Estadual Massairo Okamura, no bairro Morada do Ouro, e seu percurso se estende por cerca de 9,4 quilômetros até desaguar no Rio Cuiabá, no bairro Praeirinho, na região do Porto.
Um dos maiores afluentes da margem esquerda do Rio Cuiabá no perímetro urbano, o córrego sofre diretamente com o despejo de lixo e esgoto produzidos por comércios locais, zonas residenciais e instituições públicas.
Segundo Sérgio, parte da poluição sentida no local é consequência direta desse despejo irregular de esgoto, que com o tratamento inadequado acarreta no lançamento de dejetos “in natura” na água, o que explica o forte odor que toma conta da área. “É por isso que sentimos esse cheiro tão desagradável aqui. Infelizmente, é o reflexo da falta de infraestrutura de saneamento básico e conscientização ambiental”, explicou o professor.
A realidade da região já vinha sendo estudada em sala de aula pelos estudantes, antes mesmo da visita. Dentre os temas trabalhados, estão as características do córrego, as transformações em seu entorno, as áreas degradadas e a importância da conscientização ambiental.
No local, a teoria ganhou forma e impacto. A quantidade de resíduos sólidos acumulados, os detritos na foz do córrego e a situação de vulnerabilidade social das famílias que vivem nas proximidades chamaram a atenção de todos.
É o caso da estudante Isabella Souza Miranda, de 15 anos, que ficou impactada com a realidade da região. “Eu não esperava ver tanto lixo, tanta poluição e, ao redor, pessoas em situação de muita vulnerabilidade. Vi moradores aquecendo comida sem fogão. Isso me chocou muito. A gente percebe como a falta de políticas públicas ainda é muito grande e como essas pessoas precisam de ajuda”, relatou.
Para ela, a atividade também trouxe uma nova perspectiva sobre o aprendizado. “A gente fica preso em sala, só com livro e lápis. Aqui a gente vê a realidade de verdade. Isso ajuda até para o Enem, porque temas como saneamento básico e meio ambiente aparecem muito. Eu gostei de participar.”
O estudante Arthur Mateus Leal dos Santos Andrade, de 16 anos, também se disse impressionado com o que encontrou. “Minha primeira impressão foi de um lugar muito precário, com falta de saneamento básico. Além disso, tem um cheiro muito forte. É uma situação difícil de ver e de sentir. Eu acho que dava para investir mais”, afirmou.
Apesar do choque inicial, Arthur destacou a importância de participar do projeto. “A maioria das pessoas vive confortável no seu próprio mundo e não faz ideia do que acontece em outros lugares. Participar disso faz a gente ter mais noção da realidade de muita gente.”
Agora, os estudantes terão um novo desafio: propor soluções para a revitalização do entorno do Córrego do Barbado, especialmente na região do bairro Praeirinho. Além disso, também irão elaborar ações voltadas à conscientização da população sobre a degradação ambiental urbana e a importância da preservação dos recursos hídricos em Cuiabá.
O projeto de extensão é coordenado pelo professor Sérgio Tavares Crecca, com apoio dos membros: Edilson Serra e Francisco de Andrade Rosa, docentes do campus, e Marcos André da Silva, diretor de Extensão.
Mês do Meio Ambiente
A visita ao Córrego do Barbado integra a programação do Mês do Meio Ambiente no campus, que reúne uma série de ações, desenvolvidas entre os dias 19 de novembro e 10 de dezembro, com o objetivo de conscientizar estudantes e servidores sobre a importância da preservação ambiental.
Ao longo do mês, a comunidade acadêmica participou de exposições de projetos socioambientais e de debates em sala de aula, ampliando as reflexões sobre os impactos vivenciados na própria cidade.
A programação segue nos próximos dias com a realização de uma palestra que irá discutir a realidade da região do Córrego do Barbado e propor soluções voltadas à redução do despejo irregular de lixo.
A mobilização foi tão significativa que deixou um legado. A partir de 2026, será incluída a Semana do Meio Ambiente no Calendário Acadêmico do campus. “Já conversamos com a Direção-Geral e conseguimos garantir essa semana no calendário. Assim, poderemos desenvolver ainda mais atividades voltadas ao tema e fortalecer a consciência socioambiental”, destacou o professor Edilson.

