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Professoras compartilham histórias de mulheres negras de MT no maior evento sobre gênero no Brasil

Publicado por: Campus Cuiabá / 20 de Agosto de 2024 às 09:16

Seminário Internacional Fazendo Gênero reuniu mais de 3600 pessoas em Florianópolis.

Mulheres negras na política de Mato Grosso e narrativas sobre Teresa de Benguela foram os temas das apresentações das professoras Dejenana Campos e Manuela Arruda, do Campus Cuiabá - Cel. Octayde Jorge da Silva, durante a 13º edição do Seminário Internacional Fazendo Gênero. 

Mudanças climáticas, justiça reprodutiva, direitos das crianças e dos adolescentes, acessibilidade às pessoas com deficiência, antirracismo, anticolonialismo e antifascismo foram os temas debatidos entre 29 de julho e 2 de agosto, nos campi da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Florianópolis (SC). O evento teve mais de 3600 pessoas credenciadas.

A Marcha Contra o Fim do Mundo foi um dos destaques da programação, para a professora Dejenana. Entre as atividades do Fazendo Gênero, também ocorreram mesas-redondas, simpósios temáticos, exposição de pôsteres, rodas de conversas, mostras fotográficas e audiovisuais, apresentações culturais, feira de livros e feira de economia feminista e solidária, além de reuniões entre pessoas e grupos de movimentos sociais e políticos.

Confira os resumos dos trabalhos apresentados pelas professoras Dejenana e Manuela. Acesse o site do evento para mais detalhes. 

Dejenana Keila Oliveira Campos - A Representatividade da mulher negra, resistências e ocupação nos espaços de poder político

Resumo: Este trabalho pretende analisar a representatividade da mulher negra na política, notadamente nas eleições de 2018 e 2022. Nesses dois pleitos notaram-se mudanças sensíveis nas esferas federal, estadual e municipal em função da crescente participação de mulheres negras, mulheres trans, mulheres indígenas e mulheres com deficiência. Mesmo que ainda seja baixa a presença das mulheres em diversas instâncias do espaço de poder, seguimos visibilizando, resistindo e fortalecendo os direitos das mulheres e da maioria minorizada no cenário político eleitoral e partidário. Metodologicamente utilizamos pesquisa bibliográfica e análise dos dados eleitorais da participação e representatividade nas eleições 2018 e 2022. Balizamo-nos nas teorias que abordam questões de gênero, feminismos, feminismo negro e feminismo decolonial, interseccionalidade, mulheres diversas, potencializando sua visibilidade e representatividade. Segundo a PNAD/2021, das 28% das mulheres autodeclaradas negras no Brasil, apenas 8% está representada no Congresso Nacional. Embora esse número venha progressivamente aumentando e deslocando a estrutura patriarcal racializada, o espaço político eleitoral democrático ainda é insuficiente e sub-representado.

Manuela Arruda dos Santos Nunes da Silva - Narrativas sobre Teresa de Benguela no tempo presente: por uma historiografia insubmissa

Resumo: Este trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla que vem sendo desenvolvida no doutorado em História e que trata sobre as representações a respeito de Teresa de Benguela no tempo presente. Nesta comunicação busco fazer um exercício no sentido de discutir as possibilidades teórico metodológicas, dentro do campo historiográfico, para o estudo de mulheres negras na diáspora. A “rainha Teresa” liderou o Quilombo do Quariterê, o mais importante quilombo de Mato Grosso no século XVIII, contudo, sua história foi invisibilizada pela historiografia oficial, construída em bases eurocentradas e com forte influência do racismo estrutural e institucional. As categorias de análise comumente aceitas no campo historiográfico não dão conta das dinâmicas existentes na Améfrica, onde grupos liderados por mulheres não validaram a ordem patriarcal e colonialista. A partir dos estudos de Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Grada Kilomba, Carla Akotirene que denunciam a carga de colonialidade nas narrativas históricas a respeito das trajetórias de mulheres negras. Buscamos discutir ancoragens para vencer a violência dos arquivos coloniais e, tal qual pontuou Saidiya Hartman, fabular narrativas históricas outras. Resgatar as trajetórias de mulheres que tiveram destaque na luta contra a ordem social colonial e patriarcal vigentes é um movimento importante na construção de uma sociedade cidadã e que se quer efetivamente democrática e antirracista.

 

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