Projeto de Ensino do IFMT Octayde proporciona experiência cultural e artística nos dias 22 e 23 de novembro
Pela primeira vez, todas as cidades brasileiras celebraram o feriado pelo Dia de Zumbi e da Consciência Negra. Instituído pela Lei 14.759/2023, a data propõe reflexão sobre a identidade brasileira, com destaque para a memória e legado da consciência negra para a sociedade. Nos dias 21 e 22 de novembro, estudantes e professores do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) Campus Cuiabá Cel. Octayde Jorge da Silva atenderam ao chamado do evento "Áfricas", em sua XIV edição, e participaram de atividades relacionadas ao feriado.
A programação foi realizada no Teatro da Escola Estadual Liceu Cuiabano e no Campus Octayde: as atividades proporcionaram experiências culturais e artísticas de várias vertentes, como batalha de rima, sarau, apresentações de músicas populares, maracatu e roda de capoeira. Com o tema "Ubuntu: humanidade para todos", os diálogos em forma de poema e palestras garantiram momentos de enfrentamento ao racismo, discussão considerada prioritária dentro e fora da sala de aula.
Os professores Lucas Café e Cristina Soares conduziram os debates sobre letramento racial nos dias 22 e 23 de novembro, no Teatro do Liceu Cuiabano. Para Café, professor do IFMT e doutor em História, o enfrentamento ao racismo é fundamental em diversas frentes, seja pela efetivação de políticas públicas para ingresso em instituições de ensino e, ainda, com celebrações da cultura, literatura e história afro-brasileira.
"É através do letramento racial, do conhecimento sobre relações raciais, que podemos compreender como o racismo opera. O racismo existe, é um mal social que deve ser discutido, desarticulado e superado. A escola é o melhor lugar para fazer essa discussão", disse na palestra de abertura.
Doutoranda em História, Cristina, que também é artista plástica, compartilhou aspectos do dia a dia em sala de aula e da militância antirracista. “O racismo não está no passado. É algo que toda pessoa preta vai passar e pode ser muito cruel. Não podemos naturalizar uma narrativa que foi construída no século XIX, baseada em uma perspectiva biológica. Precisamos ter atenção à fala, ela é poderosa, especialmente na data de hoje.”
As interações dos estudantes com os docentes Lucas e Cristina revelaram a preocupação em ampliar o debate sobre racismo e pautar o tema nas famílias e comunidades.
Aquilombamento
A valorização da cultura, literatura e história afro-brasileira foram protagonizadas pela cineasta Juliana Segóvia, representante do Cinema Aquilombamento Quariterê, com a exposição do filme “Mansos”; Luciene Carvalho, poeta e presidente da Academia Mato-grossense de Letras, realizou uma performance poética no palco do Teatro com sua produção autoral; o coletivo Rimas na Base protagonizou uma batalha ao vivo no primeiro dia.
O coletivo Afro Som, formado por estudantes do Campus Octayde, apresentou canções brasileiras renomadas nos dois dias do evento. Na sexta-feira, a poesia slam ganhou o palco com a performance de Ana Carolina, do coletivo Capim Xeroso. Durante a tarde, no Campus Cuiabá, também houve exibição de produções no Cine Áfricas/Cinema em Movimento, com filmes do circuito universitário.
Para finalizar o evento, também teve oficina de trança com a estudante Viviane de Carvalho, desfile afro, roda de capoeira e a participação do Maracatu Buriti Nagô.